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O Processo

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Ultimamente eu tenho me sentido um pouco Josef K, daquela história. Acordo sem peso na consciência, mas basta abrir a porta (ou o Google Reader) e parece que o mundo decidiu que eu preciso tomar parte de um processo, o qual quanto mais eu tento compreender, mais enrolado, culpado e incompetente eu tenho que me sentir.

“O processo” aqui é todo o conjunto de metodologias, patterns, mindsets e filosofias que, se eu não absorver e professar, não sou digno nem de abrir o Visual Basic 4. Claro que ficar expert no processo não é coisa simples assim como ler um blog ou ler um livro. Além de estudar, você tem pôr em prática, compartilhar o conhecimento e encantar as pessoas ao redor, ao mesmo tempo. Você tem que se tornar um especialista em tudo e ter uma wikipédia implantada na cabeça, pra não se esquecer de nada.

De todas as suas especialidades, você deve conhecer os patterns, os anti-patterns, como aplicá-los, como não aplicá-los, os casos de sucesso e os fracassos. E não basta todo o conhecimento puro e simples. Isso é fácil de ter! O passo 1 na sua hierarquia de necessidades é adquirir uma técnica apurada, ficando fera do assembly ao Haskell, do file system à enésima forma normal, do calloc() ao GC, sem tropeços.

Depois você precisa expandir um pouco os seus horizontes com o estudo das metodologias que fazem um software nascer, crescer e vencer. É preciso saber como um projeto é gerido, como os programadores funcionam, o que o cliente realmente quer… enfim, satisfazer todos os stakeholders, como você vai se acostumar a dizer. Tudo isso dentro do orçamento que você vai obviamente saber controlar para depois calcular o ROI — coisa simples, admita.

E já que está manjando de finanças, o degrau a seguir é acompanhar o mercado de IT corporativo e open-source, para conhecer os produtos, estratégias, mergers, winners e losers. E, conhecendo, escolher o que é melhor. Não vai querer ficar pra trás, né? Não vai ser difícil para alguém tão inteligente quanto você.

Ficará evidente que você não passa deste ponto do processo se não souber aplicar toda a sua expertise na forma de arquiteturas ágeis, interfaces ágeis, teamwork ágil e comunicação ágil. Claro, a esta altura absolutamente tudo o que você faz é ágil de alguma maneira. (Sua namorada pode reclamar, porém.) Este momento é crítico na sua carreira, pois você não pode errar só porque seu desempenho tem que estar num ponto ótimo dentro de 10 ou 12 dimensões. Por sorte, você conhecerá todas as métricas e seus benchmarks, para poder guiar a si próprio e sua equipe.

Então, passando esses níveis de subsolo você está pronto pra atingir o térreo do desenvolvimento bacana de software. Você já tem experiência e conhecimento suficientes para exercer sua profissão em alguma empresa 2.0 (quiçá 3.0!) por aí. Já poderá participar de discussões de arquitetura, engenharia e filosofia de software nos blogs. Você venceu o processo.

Quanto aos Josef K da vida… bom, você sabe o que acontece no final.

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