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Guerrilha Agile: A Motivação

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Eu preciso desenvolver uma idéia que vem me provocando ultimamente. Na verdade é menos uma idéia do que um reflexo da situação desoladora em que a maioria de nós está.

Em se tratando de 1up4dev, nem preciso dizer que a situação a que me refiro é a de quase inevitabilidade do waterfall, em que estamos tão engolidos pelo “sistema” que, aparentemente, só nos resta lamentar, se frustrar e eventualmente se acostumar com tudo. Não deduzo, porém, que esses são estágios de uma manifestação de bunda-molice. Do contrário, seria suficiente encerrar o assunto com algo do tipo “ou somos parte da solução ou do problema” (doutrina Bush, em pleno 2008). E ainda assim, sem que ao menos sejam esboçados tanto “o problema” como “a solução”, esse raciocínio binário não serviria para nada.

Antes de continuar com a minha idéia, gostaria de escrever rapidamente sobre o panorama que se desenha para o futuro. Especificamente, o nosso futuro. Nem sempre lembramos dele, mas é lá que vamos viver em breve. E sem querer parecer auto-ajudesco, digo que o futuro do desenvolvimento de software está nas nossas mãos — e não de forma indireta ou abstrata. É lógico: as mãos que hoje controlam o “sistema” vão se aposentar daqui uns anos, e as nossas vão substituí-las. Nessa seqüência, é possível imaginar que, em breve, estaremos perpetuando o waterfall. Pois nesse dia nós é que seremos o status quo, e o status quo, para ser digno do nome, não quer saber de mudar nada.

Software já é estratégico há algum tempo e ocupará cada vez mais espaço na vida das pessoas, das empresas e dos governos. Que qualidade de software será oferecida quando nossa geração estiver no comando? Imagine o alto custo financeiro e social de se manter na periferia de TI. Sub-desenvolvimento passa a ter um novo significado, não é? Temos que assumir a responsabilidade, até porque ela pode significar a existência dos nossos empregos. Ou você vai preferir usar um software made in India?

Nada contra a Índia, claro. Mas o alerta já tinha sido dado por David Anderson no comecinho do livro Agile Management for Software Engineering. Abaixo traduzo livremente um trecho cujo original você encontra na página xxvi do livro:

Se a atividade intelectual de software tiver que permanecer nos países desenvolvidos e se os engenheiros de software americanos, europeus e japoneses quiserem manter o alto padrão de vida ao qual se acostumaram, eles devem aumentar sua competitividade. Há um mercado global de desenvolvimento de software, o que encolheu a distância entre um cliente na América do Norte e um fornecedor na China ou na Índia.

Esse medo do sr Anderson tem que ser nosso também (exceto que nós não temos como rebaixar nosso “alto padrão de vida”). Sabemos que precisamos melhorar, e muito, a nossa competitividade, e não só individualmente. Agora, a grande questão é: como vamos fazer isso, se não temos suporte para viabilizar novas formas de trabalho sem dispararmos o sinal de pânico no chefe, no cliente?

Pretendo desenvolver a minha sugestão em alguns posts, seguindo alguns princípios:

  1. “Mudança” é definida como o amplo abandono da mentalidade waterfall no mercado de TI.

  2. Você acredita na mudança e é o maior interessado nela, pois ela representa o futuro que você quer.

  3. O risco da mudança é percebido com mais intensidade quanto maior é o poder de quem a observa.

  4. O benefício da mudança é percebido com menor intensidade quanto maior é o poder de quem a observa.

  5. A mudança pode ocorrer de baixo para cima na cadeia de poder.

No próximo post, pretenderei detalhar melhor os efeitos desses cinco pontos. Dali em diante, dificilmente irei sugerir uma ação coordenada e planejada — nada menos ágil que isso! Prefiro apostar no desenrolar natural das coisas, desde que os princípios sejam válidos. No mínimo, vamos avançar o debate. Tomara que eu não escreva muita besteira, e espero ser corrigido a qualquer momento.

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