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O Que Eu Aprendi Escrevendo

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Apesar de ter um livro e um curso publicados, eu ainda estou longe de ser considerado um escritor. Honestamente, nem ao menos sei o que é necessário para que eu, ou outra pessoa, me considere como tal.

Pretendo escrever outro livro ainda esse ano, mas ainda não tenho nada definido. Escrever um curso ou um livro é algo cansativo, mas muito gratificante. Como não dei espaço entre um e outro, acho que seria bom eu tomar um ar antes de me lançar novamente nessa empreitada.

Seguindo os próprios passos que descrevo abaixo, resolvi separar alguns pontos que considero importantes.

Escrever é um processo iterativo e incremental

O texto não nasce pronto. As vezes uma coisa ou outra está pronta na sua cabeça, mas na hora de colocar no papel a coisa muda. Você esquece algumas partes, lembra de outras, muda a ordem.

O importante é que você coloque suas ideias no papel (ou no site), e depois releia com calma. Mostre para outras pessoas, peça opinião. Eu pensei em um texto por mais de dois anos e publiquei aqui antes de adicionar no livro. O feedback dos leitores foi importantíssimo para que a versão final tivesse o mínimo de erros e o máximo de clareza possível.

Defina bem o seu público

Ao escrever sobre programação funcional em JavaScript, eu tinha bem claro quem é o leitor do 1up. Caso você não tenha definido quem será seu público e quais os requisitos necessários para que possam absorver seu conteúdo, você vai correr o risco de escrever um texto em aramaico para crianças de quarta série ou um texto de quarta série para doutores em línguas mortas.

Pior ainda é quando se tenta abraçar a todos. Seus braços são curtos para abraçar o mundo e, no final, alguma coisa vai acabar caindo no chão.

Trace uma linha

Como o Manifesto Ágil profere, responder a mudanças é mais importante do que seguir um plano, o que não quer dizer que você não precisa de um plano.

Eu costumo traçar um plano, seja como uma lista de tópicos, seja como um mindmap, e vou me guiando por ele até pegar o ritmo. Normalmente essa lista não permanece inalterada por mais de dois capítulos, mas ainda assim é importante você ter algo para te manter no caminho, por mais que esse caminho mude constantemente.

Concentre-se

Eu tenho problemas sérios de concentração, mas em algumas ocasiões consigo despejar quilos de texto ou código de uma única vez. Claro que uma revisão posterior é sempre bem vinda e necessária.

O problema são os culpados de sempre: família exigindo atenção (eles têm prioridade, não pense o contrário); Internet oferecendo todo o tipo de entretenimento; GTalk aberto e seus amigos ali, ao alcance dos dedos.

Escrever é um ato solitário. Lide com isso e concentre-se no que está fazendo.

Arranje tempo

“Eu não tenho tempo” é a desculpa preferida do procrastinador e do cara que quer que os outros acreditem que ele é muito ocupado.

Você tem tempo para conversar no GTalk, para acessar o 9gag, para ver os gols do Fantástico, mas nunca temos tempo para brincar com o filho, para conversar com a esposa (ou marido) ou para fazer aquela meia hora de esteira.

Um terço do meu livro foi escrito dentro de viagens em ônibus, táxis e aviões. Acho que produzi muito mais em uma hora de vôo até o Rio do que em uma tarde inteira jogada fora na frente do computador.

Quando você realmente quer fazer algo, o tempo aparece. Não ter tempo é uma outra forma de dizer “isso não é importante o suficiente para mim”.

‘Pronto’ é melhor do que ‘perfeito’

Depois do livro e do curso prontos e entregues, eu percebi coisas que poderia ter adicionado, frases que poderia ter mudado, assuntos que faltaram. Se existe a possibilidade de adicionar ou mudar, faça, mas não caia na armadilha de ficar polindo algo que já deveria estar em produção há tempos.

Pronto é melhor do que perfeito e, não importa o quanto você tente, seu trabalho nunca vai ficar perfeito.

Divirta-se

Principalmente, divirta-se.

Conheci muitas pessoas que sabem muito mais do assunto que estou escrevendo do que eu, pessoas que deram excelentes sugestões, ideias e me ensinaram a escrever melhor. E em tudo isso eu me diverti, aprendi, aproveitei o momento.

Não se leve tão a sério. É apenas um texto, um post, um curso, um livro. A vida é bem mais do que isso.

Abraço

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