Imagine o cenário: você caiu de para-quedas naquele projeto que todo mundo na empresa fez gambiarra deu manutenção e agora precisa implementar uma nova funcionalidade. Mesmo que tenha alguma documentação, vai ser inútil neste caso. Então você começa a vasculhar o código e encontra dezenas de classes com nomes parecidos, vários arquivos XML’s dos inúmeros frameworks utilizados anteriormente, TO’s, VO’s, Actions, Utils… ou seja, um lugar cheio de janelas quebradas.
O mais fácil neste caso seria fazer seu trabalho, quebrando mais algumas janelas caso necessário, e cair fora o quanto antes. Mas você, desenvolvedor ágil, sabe que além de ser falta de profissionalismo, você corre o risco de cair novamente no mesmo projeto. Então aproveite a oportunidade para fazer uma pequena faxina e preparar o projeto para escrever os testes das novas funcionalidades que irá desenvolver, garantido assim a qualidade, pelo menos, do seu trabalho.
Durante minha carreira fui obrigado tive a oportunidade de dar manutenção em diversos projetos “frankenstein” de onde adquiri certa experiência para poder “organizar a casa” e trabalhar decentemente no código. É claro que não estou falando em escrever testes para o projeto inteiro, mas pelo menos garantir a qualidade do código que desenvolvi ou irei desenvolver.
Há um certo padrão que todo software de qualidade deve seguir. Além dos padrões e boas práticas como organização do código em pacotes vs. responsabilidade, uma coisa essencial para o projeto é sua construção, ou seja, a forma que o software é “entregue”. Acredito que este seja o primeiro passo para começar a organizar a bagunça de um projeto.
A construção do projeto deve ser automática e desempenhada por uma ferramenta de build como o Ant ou Maven, com tarefas (tasks) e objetivos bem definidos. Normalmente, um build do projeto deve:
Preparar o código e dependências
Compilar os arquivos fontes
Executar os testes
Empacotar a distribuição
No exemplo abaixo usarei o Ant, que é a ferramenta de build (para Java) mais popular do mercado e muito simples de utilizar. O importante neste processo é ser pragmático: não perca o foco! Você poderia (e futuramente deveria) utilizar o Maven, mas adequá-lo a um sistema legado não é tão simples quanto parece.
Tendo os objetivos do build definidos, basta escrever o script do Ant. Isso deve ser feito no arquivo build.xml, no root do projeto. As tarefas são definidas pelas tags
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Neste script estão definidas as tarefas necessárias para executar um build, conforme citei anteriormente. Por enquanto isto será o mínimo necessário para dar suporte as próximas etapas da sua missão. Mesmo que o projeto já tenha um build em Ant aproveite para revisá-lo. Tarefas bem simples e bem definidas são mais fáceis de entender e manter.
Com o build implementado, você não terá mais que se preocupar com o empacotamento do projeto. Agora comece a direcionar seus esforços para escrever os testes. Deixe que o Ant se encarregará de executá-los para você.
No próximo post vou apresentar alguns padrões e práticas de refactoring utilizados para possibilitar escrever testes que dependem de classes legadas do projeto.